Na porta do elevador
A porta do elevador se abriu. Lá dentro, o senhor baixinho, meio rechonchudo, com seu sempre presente boné. Lá fora, eu, meio perdida a caminho de um quarto de hospital. Reconheci de imediato. Fiquei em dúvida se havia sido reconhecida. Perguntei. A resposta veio na forma de sorriso e de um grande abraço. Chorei. Choramos. Depois de algum tempo, entramos juntos no quarto de hospital. Conversamos a lguns minutos, mãos dadas e um espanto de quem não se via há tantos anos. Ao me despedir, veio o choro. Meu. Dele. No dia seguinte era Natal. Saí para ir à missa e fui ao hospital novamente. Entrei no quarto. Ele dormia. Sentei-me em silêncio e permaneci ali, sem coragem de acordá-lo. Toquei seu rosto e me despedi. Era um Natal triste. Foi a última vez que vi meu tio Rinaldo, irmão de meu pai. Ele morou com a gente quando éramos pequenas. Aquele tio de quem a gente gosta, com quem ri. Depois que meu pai morreu, sempre que o via, eu me lembrava da imagem do meu pai. Talvez pelo sempre pr